segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Ano Novo

Guaratinguetá, 31 de dezembro de 2007

Elio,

estou fechando 2008 com raiva de mim, por não saber fazer as coisas direito, não ter finura no trato, nem paciência, e também por não saber dar de ombros aos outros e mandar que se danem. Talvez ainda faça isso até o fim da noite, porque ainda são dez horas e até meia noite ainda há coisas por acontecer. Escrevo a você, meu amigo, porque não tenho com quem falar nesse momento e não estou com vontade de dar carinho para o que o cachorro pare para me ouvir. Que e-mail patético, não? Afinal de contas, quase todo mundo festeja nesse momento. Quisera estar estudando, porque com livros eu me entendo. E eles são generosos.
Ainda há pouco eu estava agradecida, fui à igreja, rezei missa. Ofertei ao universo as lembranças de colheita. Foi um ano árduo. Nem sei se fui feliz durante o seu curso. Penso que não tive tempo para ficar alegre. Mas, sim, tive tempo para ficar "emmimesmada", às vezes triste, nervosa e agitada sempre.
Sabe, Elinho, pensei em promessas para 2008: manter minha conta bancária no azul, exercitar a aceitação de mim mesma e a aceitação do outro sem achar que sou responsável por ele ser quem ele seja, não me sentir na necessidade de controlar qualquer situação, seja ela qual for, ser mais piedosa, trabalhar menos, ir na Argentina, amar alguém, quem sabe ter um filho, mas penso que conseguir dar continuidade aos estudos e entrar para um emprego mais divertido já estariam de bom tamanho.
Então, Elio, só me restará brindar o ano que chega e torcer para eu saber lidar com ele, concorda? Gostaria que estivesse aqui para em aconselhar, porque você ilumina todas as coisas.
Já que estamos tão distantes, resta que leia este e-mail a tempo e faça pensamentos positivos e fluidos por mim. Que o seu ano novo seja uma nova canção.
Carinho e saudades,
Laura.