quarta-feira, 21 de novembro de 2007

A CORUJA E A MENINA

Era uma coruja esquisita, que ficava olhando o mundo com os olhos esbugalhados de quem levou um susto. Grrrrrrrrrrrr! E a cabeça girava.
Lá ia menina, como todo dia. Vagava e olhava a coruja, e a coruja ficava tentando olhar seus pensamentos, mas sempre era noite, não dava para vê-los. A menina desconfiava que a coruja sabia de tudo, entretanto. Ai, coruja...
Todos as noites menina e coruja se encontravam. A coruja no toco, a menina na grama. Uma olhava, a outra vagava.
Um dia, a menina parou e ficou a olhar a coruja. Coruja bonita. Nem pisca. Parece um enfeite.
A menina estava cansada de vagar. Tantos descaminhos. Queria ser a coruja. Ficar plantada em cima de um toco olhando o mundo. Sereno. Silêncio. Sozinha. Grrrrrrrrrrrrrrr! Seria uma menina-coruja. Ou uma coruja-menina. E não precisaria de pensar em mais nada. Troca comigo, coruja... Mas a coruja não entendia os pensamentos da menina. Nem ouvia. Também, não lhe interessava ser menina. Que linda, nem pisca. Coruja, você parece um enfeite.

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